Miniguia: A Saúde Mental e a Cicatrização de Feridas Crônicas

Saúde Mental e Cicatrização

Você já parou para pensar no quanto a saúde mental afeta diferentes esferas da vida, inclusive nossa saúde física? Essa conexão pode ser comprovada quando falamos em feridas e sua cicatrização, visto que a saúde mental pode sim influenciar nesse processo. Portanto, nesses casos o cuidado deve ir além da ferida, englobando toda a dimensão do problema e levando em consideração aspectos do paciente enquanto ser humano.

O que é saúde mental?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade.

Como a dor afeta a saúde mental?

A dor é uma das principais queixas de quem tem feridas crônicas e ela pode trazer várias manifestações concomitantemente, como alterações no padrão de sono, de apetite e libido; irritabilidade; perda de energia; diminuição da capacidade de concentração; além de restrições para as atividades familiares, profissionais e sociais.

O padrão de sono, como citamos, pode ser alterado mediante a dor. Por sua vez, a insônia ou falta de sono são fatores que podem desencadear problemas para a saúde mental, uma vez que dormir bem está ligado ao restabelecimento do corpo como um todo. “Atualmente é sabido que a interrupção do sono afeta os níveis de neurotransmissores e dos hormônios do estresse, prejudicando funções cerebrais, incluindo o pensamento, atingindo a regulação emocional. Dessa forma, a insônia pode amplificar os efeitos dos transtornos psiquiátricos”. ³

A dor é reconhecida como uma experiência emocional complexa, influenciada por comportamentos cognitivos e ligados à motivação, cujo controle exige dos profissionais tratamentos multifacetados, ou seja, multiprofissionais. É um momento que traz ao paciente a lembrança de um martírio, algo que traz significado negativo, mal-estar, angústia, um termômetro que evidencia um esgotamento de sua capacidade enquanto ser humano. A dor constitui-se em uma experiência privada e subjetiva, não resultando apenas de características de lesão tecidual, mas que integra também fatores emocionais e culturais individuais. ¹

À medida que os anos passam, esses fatores podem ir se acumulando e causando ainda mais obstáculos para que a saúde mental esteja em dia e, consequentemente, trazendo problemas para a cicatrização.  

Como as feridas crônicas provocam mudanças que afetam a saúde mental do indivíduo?

Fora a dor que traz inúmeros entraves para a saúde mental dos pacientes, como já mencionamos, há ainda o fator da exclusão. A pessoa com ferida passa por constantes mudanças de humor e indisposição, por isso, muitas vezes se sente incapaz de estar presente em locais e eventos, se isolando e afetando suas relações familiares e sociais.

Além disso, realizar atividades rotineiras como caminhar pela casa, descer e subir escadas, permanecer de pé sem apoio, tomar banho e muitas outras passa a ser muito difícil para o paciente e, com tantas limitações, fica claro que as feridas crônicas comprometem a vida de quem as têm. Ademais, “não podemos deixar de mencionar o quanto todas essas condições envolvem encargos financeiros e complicações psicológicas e sociais que afetam também os familiares e círculo social do paciente, tornando o problema ainda mais complexo”. ²

Todos esses são fatores que trazem ainda mais inquietação aos pacientes com feridas crônicas, afetando diretamente sua saúde mental e, uma vez que ela também interfere na cicatrização das feridas, isso pode vir a se tornar um ciclo, com feridas trazendo problemas para a saúde mental e a saúde mental trazendo problemas para a cicatrização das feridas. Por isso, é necessário que os profissionais de saúde estejam atentos a isso.

Como apoiar o paciente e sua saúde mental?

Não basta apenas tratar a lesão, é preciso focar o tratamento nas queixas do paciente, intervindo diretamente nos fatores que comprometem sua saúde e qualidade de vida. Por isso, é de vital importância que os enfermeiros escutem as reclamações e preocupações dos pacientes, pois somente assim será possível direcionar os cuidados para resolver ou, pelo menos, minimizar os problemas expostos pelo enfermo. ²

Sendo assim, a enfermagem deve assistir o indivíduo em sua totalidade, considerando todas as suas fragilidades, sejam elas de caráter físico ou emocional. É necessário “amparo e estímulo para superar as dificuldades que venham a surgir, seja na sociedade, no trabalho, no domicílio, para que haja um fortalecimento do seu valor como ser humano, mas para isso o profissional que atende o cliente no ambulatório precisa estar atento para observar o sofrimento deste cliente e intervir adequadamente”. ¹

Referências

1 – O cotidiano do indivíduo com ferida crônica e sua saúde mental. Maria Angélica Pagliarini WaidmanI; Sheila Cristina RochaII; Juliana Landi CorreaIII; Adriano BrischiliariIV; Sonia Silva Marcon. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/tce/a/g4ZCwRMHzf5dQNQWpyWrRPt/?lang=pt

2 – https://jupiterdistribuidora.com.br/ulceras-venosas-o-impacto-na-vida-do-paciente-e-o-papel-do-enfermeiro/

3 – Sono e saúde mental – Harvard Health Publishing– disponível em:
https://www.essentialnutrition.com.br/conteudos/sono-e-saude-mental/


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