As Úlceras Venosas causam um grande impacto social e econômico aos indivíduos acometidos. Por isso, o seu diagnóstico é essencial para que o paciente possa recuperar seu bem-estar e qualidade de vida. Continue lendo e saiba mais sobre o tratamento das úlceras venosas e, também, sobre o papel do enfermeiro durante o tratamento!
Principais características das Úlceras Venosas
Para que possamos falar sobre o tratamento das úlceras venosas, é necessário saber algumas informações básicas sobre esse problema, afinal, ele possui uma grande complexidade e, apesar desse artigo ser direcionado especialmente aos cuidados de enfermagem, a equipe envolvida no tratamento é multidisciplinar, incluindo médico vascular, nutricionista, psicólogo, técnicos e outros, e é necessário que todos esses profissionais estejam atentos aos sinais para que seja possível oferecer o diagnóstico mais rápido possível e iniciar o tratamento!
Entre as principais características das Úlceras Venosas podemos citar:¹
- Geralmente está localizada acima do maléolo medial
- As bordas da ferida são irregulares e bem definidas
- Comumente apresenta odor fétido
- Hiperpigmentação, atrofia branca e endurecimento
- Varizes
Além disso, o paciente pode sentir:
- Dor noturna e cãibras
- Sensação de peso e cansaço ao levantar-se, mas que diminui ao caminhar
- Coceira
Já é conhecido que a principal causa do desenvolvimento de úlceras venosas é a Insuficiência Venosa Crônica (IVC) e, com o passar dos anos e o constante empenho dos profissionais da saúde em pesquisar as causas e fatores de risco para o desenvolvimento desse tipo de lesão, ficou claro também que existem outras condições que podem contribuir com o aparecimento de úlceras venosas¹, como:
- Hipertensão arterial
- Diabete Mellitus
- Insuficiência cardíaca
- Edema
- Reumatismo
- Imobilidade
- Varizes
Por fim, conhecer a diferença entre úlceras venosas, arteriais e mistas também deve ser uma preocupação para que seja possível indicar o melhor tratamento. E quando falamos sobre essas diferenças, existem várias características que podemos citar, contudo, a maior e mais importante delas é a etiologia, ou seja, a causa que leva ao surgimento dessas lesões.
Enquanto as úlceras arteriais são causadas pela insuficiência do fluxo sanguíneo arterial nas extremidades inferiores, as úlceras venosas têm uma origem bastante diferente, sendo geralmente associadas ao mal funcionamento das válvulas venosas, o que causa um acúmulo excessivo de sangue venoso na perna e enfraquece os tecidos.
E, enfim, o que chamamos de úlceras mistas são as lesões que acontecem quando o paciente tem tanto as complicações venosas, quanto as arteriais, ou seja, é uma combinação entre a úlcera arterial e venosa.
Portanto, é muito importante investigar a etiologia das lesões para que seja possível indicar o melhor tratamento possível para o paciente! ¹
Como deve ser feito o tratamento da Úlcera Venosa?
O tratamento das úlceras venosas envolve diversos fatores, por isso, o acompanhamento precisa ser contínuo, não apenas para garantir a cura, mas, também, evitar recidivas.
Assim, os enfermeiros responsáveis pelo tratamento de úlceras venosas precisam acompanhar a evolução da doença e adotar estratégias para promover a cicatrização de lesões já instaladas e prevenir outras lesões e recidivas, visando diminuir o desconforto e dores dos pacientes.
Mas para que tudo isso seja possível não basta apenas tratar a lesão, é preciso focar o tratamento nas queixas do paciente, intervindo diretamente nos fatores que comprometem sua saúde e qualidade de vida. Por isso, é de vital importância que os enfermeiros escutem as reclamações e preocupações dos pacientes que estão sendo assistidos, pois somente assim será possível direcionar os cuidados para resolver ou, pelo menos, minimizar os problemas expostos pelo enfermo.
Portanto, a enfermagem deve assistir o indivíduo em sua totalidade, considerando todas as suas fragilidades, sejam elas de caráter físico ou emocional, afinal, como veremos com mais profundidade a seguir, as úlceras venosas prejudicam tanto a saúde física quanto emocional do paciente, tendo grandes impactos socioeconômicos em sua vida.
Então a atuação dos enfermeiros deve ser voltada tanto para o diagnóstico e quadro clínico do enfermo quanto para o encorajamento e instrução do paciente para que ele possa enfrentar as diversas dificuldades provenientes da insuficiência venosa, visando proporcionar mais conforto, bem-estar e qualidade de vida.
Além disso, quando falamos sobre o tratamento clínico, é imprescindível que este seja conduzido de forma a tratar a insuficiência venosa, afinal, os sintomas dessa doença estão diretamente relacionados com o surgimento das lesões e o comprometimento da qualidade de vida do paciente. Então, o cuidado ao paciente com úlcera venosa crônica deve incluir:
- Abordagem medicamentosa;
- Terapia tópica com coberturas locais;
- Promoção do controle de exsudato;
- Controle de infecções secundárias;
- Prevenção de casos de recidivas.
Por fim, o apoio educacional também deve ser uma preocupação, visto que a baixa escolaridade dos pacientes pode dificultar o entendimento das orientações de cuidados com as lesões e a saúde como um todo, o que compromete o tratamento e, após a cicatrização, pode levar à recidiva. Consequentemente, o apoio educacional ao paciente também se faz vital para garantir o sucesso do tratamento e a melhora da qualidade de vida.
Desse modo, adotar estratégias voltadas à educação, sempre considerando o nível de escolaridade do paciente, é um fator crucial para que ele possa não apenas compreender o tratamento ao qual está sendo submetido, mas também participar ativamente do seu processo de recuperação, ajudando a devolver o seu senso de autonomia. ²
A qualidade de vida do paciente com Úlcera Venosa
Para entender a extensão dos impactos da úlcera venosa, é necessário também falar sobre as repercussões desse problema no dia a dia do paciente. Devido o quadro clínico e as lesões, os enfermos estão sujeitos à:
- Dor
- Dificuldade de locomoção
- Exsudato,
- Odor forte
- Sentimento de frustração
- Desemprego/aposentadoria precoce
- Falta de energia
- Baixa autoestima
Como consequência, muitos pacientes com úlcera venosa se sentem desencorajados a manter o convívio social e se isolam, afetando as relações familiares e sociais do indivíduo que, muitas vezes, passa por constantes mudanças de humor e indisposição. Além disso, realizar atividades rotineiras como caminhar pela casa, descer e subir escadas, permanecer de pé sem apoio, tomar banho e muitas outras passa a ser muito difícil para o paciente com úlcera venosa.
Com tantas limitações, fica claro o quanto úlceras venosas comprometem a vida dos indivíduos que as possuem, afetando sua capacidade funcional e saúde mental, podendo causar sentimentos de ansiedade e problemas de depressão que também contribuem com os atrasos no processo cicatricial das feridas.
Além disso, não podemos deixar de mencionar o quanto todas essas condições envolvem encargos financeiros e complicações psicológicas e sociais que afetam também os familiares e círculo social do paciente, tornando o problema ainda mais complexo.
Todas essas questões afetam imensamente o tratamento e a qualidade de vida do paciente com úlcera venosa, evidenciando a necessidade de adotar cuidados que levem em consideração todas as instâncias da vida do indivíduo, visando também o bem-estar psicológico de todos os envolvidos para que seja possível garantir a melhora do quadro clínico. ²
O que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida de pacientes com Úlceras Venosas?
Para que o tratamento seja bem-sucedido e o paciente com úlcera venosa possa recuperar o seu bem-estar e qualidade de vida, adotar boas práticas que incluam o enfermo e seus familiares no tratamento é essencial. É preciso esclarecer todas as suas dúvidas e promover atividades que os ajudem a recuperar sua autonomia, sempre incluindo também os familiares.
Por isso, a enfermagem tem um papel insubstituível no atendimento aos pacientes com úlceras venosas, atuando no diagnóstico, condutas terapêuticas, processo cicatricial, prevenção de agravos relacionadas à insuficiência venosa e aplicação de intervenções inovadoras no cuidado da saúde, sempre visando a reabilitação do paciente e dos familiares envolvidos no tratamento. ²
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade – Úlcera venosa da perna – Resumo de diretriz¹
Revista Brasileira de Enfermagem – Impacto das úlceras venosas na qualidade de vida dos pacientes: revisão integrativa²
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