Síndrome de Burnout: saiba mais sobre essa doença e os perigos que ela representa para profissionais de saúde

Síndrome de Burnout

Você sabe o que é a Síndrome de Burnout e por que ela é tão perigosa, especialmente em tempos de pandemia? Continue lendo para conhecer mais sobre essa doença e entender como ela afeta os profissionais de saúde.

A atividade profissional é algo presente na vida de todas as pessoas, em maior ou menor escala, ocupando nosso dia a dia e, muitas vezes, influenciando diretamente no nosso estilo de vida. Por ser tão presente em nossa rotina, o trabalho pode ser tanto fonte de felicidade e sentimentos de realização, quanto causa para estresse, insatisfação e, até mesmo, exaustão. 

Com um mundo mais globalizado, onde mudanças acontecem cada vez mais rápido, a competição e exigência no mercado de trabalho só aumentam, acompanhando as inovações tecnológicas e as demandas de produção. Então, a rapidez também passa a ser algo exigido dos trabalhadores, que devem produzir e trabalhar cada vez mais e mais rápido, o que acaba gerando um grande desgaste físico e emocional, que pode ser responsável pelo surgimento de diferentes doenças psicossomáticas, como a Síndrome de Burnout.

A palavra inglesa Burnout é utilizada para descrever algo que, devido a sua exaustão, parou de funcionar. A chamada Síndrome de Burnout (SB) é exatamente isso, a manifestação do esgotamento emocional causado pela carga excessiva de trabalho.¹

O que é a Síndrome de Burnout

Descrita pela primeira vez pelo psiquiatra Herbert Freudenberger, no ano de 1974, a Síndrome de Burnout pode afetar tanto a saúde física quanto emocional de trabalhadores de qualquer área ou especialidade e, apesar da sua gravidade, ela ainda é bastante negligenciada e frequentemente confundida com outros transtornos.

De acordo com a psicóloga social Christina Maslach³, conhecida por suas pesquisas sobre esgotamento profissional, a Síndrome de Burnout apresenta três dimensões interdependentes: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. Seu modelo teórico para caracterizar a SB, proposto em 1976, ainda é um dos estudos de maior impacto mundial sobre o tema, nos ajudando a compreender melhor essa síndrome e a extensão de seu impacto na vida dos indivíduos acometidos. 

  • A exaustão emocional

Considerada como a manifestação mais óbvia da SB, a exaustão emocional está relacionada com o excesso de esforço, causando sentimentos de sobrecarga e esgotamento dos nossos recursos físicos e emocionais, o que deixa o indivíduo incapacitado de investir qualquer quantidade de energia em suas atividades profissionais.

  • A despersonalização

Com o tempo e seu agravo, a exaustão emocional pode evoluir para a despersonalização, uma nova fase caracterizada pelo distanciamento, falta de empatia ou indiferença do indivíduo acometido. Nessa dimensão, a pessoa com SB pode apresentar insensibilidade afetiva e afastamento, o que pode afetar tanto o seu desempenho nas tarefas quanto seu relacionamento interpessoal com colegas de trabalho.

  • A redução da realização pessoal

Essa última dimensão está relacionada à autoestima do indivíduo com SB, que começa a apresentar pensamentos e ideias negativas sobre si mesmo, suas competências e as atividades que realiza. A persistência desses pensamentos depreciativos pode levar ao seu isolamento e diminuição drástica de qualquer percepção de realização ou conquista.

Os sintomas da Síndrome de Burnout

Entre as três dimensões, indivíduos com SB podem apresentar diferentes sintomas que indiquem a presença da doença, por isso, conhecer os sinais da Sindrome de Burnout é imprescindível para que seja possível identificar a doença e procurar ajuda profissional o mais rápido possível. Além do estresse constante e a falta de motivação, outros sintomas comuns são:²

  • Cansaço excessivo, físico e mental
  • Dor de cabeça frequente
  • Alterações no apetite
  • Insônia
  • Dificuldades de concentração
  • Sentimentos de fracasso e insegurança
  • Negatividade constante
  • Sentimentos de derrota e desesperança
  • Sentimentos de incompetência
  • Alterações repentinas de humor
  • Isolamento
  • Fadiga
  • Pressão alta
  • Dores musculares
  • Problemas gastrointestinais
  • Alteração nos batimentos cardíacos

Podendo surgir de forma leve no início da manifestação da doença, os sintomas citados tendem a piorar com o passar do tempo em que o indivíduo não procura apoio profissional para que consiga entender e superar a doença.

A Síndrome de Burnout em profissionais da saúde

Os recorrentes estudos e pesquisas sobre a Síndrome de Burnout permitiram identificar as profissões nas quais essa doença é mais recorrente e, em primeiro lugar, se destaca a área da saúde, que possui um histórico documentado de altos números de SB. Em médicos de diferentes especialidades os casos podem variar de 25 a 67%, nos residentes de 7 a 77%, e em enfermeiros de 10 a 70%³.

Os números são altos e as consequências graves, afinal, a Síndrome de Burnout geralmente está associada a outros problemas, como³:

  • Transtorno de estresse pós-traumático 
  • Abuso de álcool 
  • Queixas psicossomáticas
  • Uso de drogas
  • Depressão 
  • Ideação suicida
  • Mudanças comportamentais referentes à insatisfação no trabalho
  • Falta de comprometimento organizacional 
  • Absenteísmo 
  • Piores resultados nas medidas de segurança ao paciente
  • Erros na prática profissional 

Assim, a SB prejudica a qualidade de vida dos profissionais da saúde, afetando tanto a esfera profissional quanto pessoal, diminuindo sua motivação e capacidade produtiva, o que impacta consideravelmente o atendimento do paciente, diminuindo sua eficácia. 

O agravo do desgaste mental com a pandemia

Além dos riscos e pressão habituais na área da saúde, recentemente os profissionais têm enfrentado mais um grande desafio: a luta contra o novo coronavírus.

A pandemia que assola o mundo desde o início de 2020 tem tido um impacto como nunca antes na saúde física e mental de toda a população e, os profissionais da saúde que atuam na linha de frente contra essa doença, têm sido extremamente afetados por essa realidade. Além da maior carga horária e o risco constante de contaminação, muitos profissionais também estão tendo que lidar com falta de estrutura e equipamentos adequados e um número de óbitos recorde, o que aumenta a sensação de impotência.

Uma pesquisa com amostragem nacional, realizada pela empresa PEBMED, revelou que 78% dos profissionais de saúde tiveram sinais de síndrome de Burnout no período da pandemia, sendo que a doença teve prevalência de 79% entre médicos, 74% entre enfermeiros e 64% entre técnicos de enfermagem⁴.

Os números são alarmantes e revelam não apenas a gravidade do esgotamento mental dos profissionais da saúde, mas também explicitam a necessidade de conscientizar a população como um todo sobre a importância da saúde mental e de estarmos atentos aos sinais do nosso corpo, por mais sutis – ou não – que eles sejam.

Então conscientize-se e ajude a disseminar informações sobre a Síndrome de Burnout para seus colegas. A saúde mental é essencial para uma boa qualidade de vida. 

Referências:

Síndrome de Burnout – Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, publicado em 2016¹

Síndrome de Burnout: o que é, quais as causas, sintomas e como tratar – Ministério da Saúde²

Síndrome de Burnout nos profissionais de saúde: atualização sobre definições, fatores de risco e estratégias de prevenção – Revista da SBPH (Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar), publicado em 2020³

Pesquisa: Burnout durante a pandemia – PEBMED, publicado em 2020⁴


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