Os cuidados com feridas é um dos problemas e preocupações mais antigas da medicina. E para que seja possível obter sucesso na reparação tecidual, é necessário realizar uma avaliação criteriosa da ferida para definir quais serão as estratégias e soluções que deverão ser aplicadas, observando as evidências clínicas como localização, forma, profundidade, tamanho, condições da pele, presença de tecido necrótico, entre outros, para que seja possível escolher o curativo ideal.
Um dos primeiros pontos a serem levados em consideração é o tipo de ferida com a qual se está lidando. Trata-se de uma ferida simples, ou seja, “aquela que evolui espontaneamente para a resolução, seguindo os três estágios principais da cicatrização fisiológica: inflamação, proliferação celular e remodelagem tecidual” (SMANIOTTO), ou de uma ferida complexa, que apresenta presença de infecção local; comprometimento da viabilidade dos tecidos com necrose e associação a doenças sistêmicas que dificultam o processo fisiológico de reparação tecidual? ²
Além disso, fatores sistêmicos que podem acabar afetando o processo de cicatrização também devem ser observados, como idade do paciente, seu estado nutricional, o uso de medicamentos e doenças preexistentes associadas à lesão.
Por fim, antes de escolher os tipos de curativos mais adequados, é fundamental sistematizar o tratamento de feridas para remover qualquer barreira que possa estar impedindo a cicatrização. Tais barreiras são expressas, de forma bastante simplificada, na sigla “TIME”, que significa: Tissue (tecido não viável), Infection (infecção ou inflamação), Moisture (manutenção do meio úmido) e Edge (epitelização das bordas da lesão).
Observar com cuidado esses 4 componentes é preciso para que possa ser feita a preparação adequada do leito e a escolha dos cuidados que serão aplicados, visando alcançar a progressão adequada do processo cicatricial:¹
Sumário
ToggleT – Tecido inviável
Avaliar as condições do tecido deve ser o primeiro passo. Caso seja constatado que ele está inviável ou necrótico, é necessário realizar o desbridamento, que tem como objetivo remover qualquer tecido desvitalizado e restaurar a base da ferida para que seja possível obter tecido viável.
I – Infecção ou inflamação
Quando no tecido existe uma alta contagem bacteriana ou inflamação prolongada a cicatrização é bastante prejudicada. Por isso, no caso de infecção ou inflamação é necessário realizar a limpeza da ferida e avaliar quais anti-inflamatórios e antimicrobianos deverão ser utilizados para controlar a infecção.
M – Manutenção da umidade
O equilíbrio do meio úmido também é essencial para a cicatrização da ferida, pois, se o leito estiver ressecado pode ocasionar uma lentidão na migração das células epiteliais, mas se existir um excesso de umidade a maceração pode acontecer. Assim sendo, a manutenção da umidade pode trazer diversas vantagens:
- Evitar traumas e reduzir a dor;
- Manter a temperatura adequada;
- Remover tecido necrótico;
- Impedir a formação de tecido inviável (esfacelo);
- Estimular a formação de tecido viável;
- Promover maior vascularização.
E – Epitelização das bordas
A Epitelização é quando ocorre uma progressão da cobertura epitelial a partir das bordas, dificultando a cicatrização. Caso isso ocorra, é preciso tentar identificar as causas desse fenômeno e, então, escolher a melhor medida para corrigi-lo que pode ser desbridamento do tecido morto, enxerto de pele no local ou uso de agentes biológicos e terapias adjuntas.
Enfim, por último, mas não menos importante, é necessário realizar a escolha e aplicação do curativo mais adequado, considerando todas as informações que foram observadas no momento do exame clínico e durante a sistematização do tratamento. O uso dos curativos deve sempre irá variar de acordo com a ferida que está sendo tratada e a sua natureza, portanto, ao longo dos anos, foram desenvolvidos diferentes curativos para o tratamento das mais diversas feridas. Conheça a seguir alguns deles e quais são suas principais características.
Tipos de Curativos:
Curativo semi-oclusivo:
Comumente utilizado em feridas cirúrgicas, exsudativas e drenos, o curativo semi-oclusivo é absorvente e isola o exsudato da pele adjacente saudável. ¹
Curativo oclusivo:
Esse tipo de curativo atua como uma barreira mecânica, impedindo a entrada de ar e fluídos, promovendo o isolamento térmico e vedando a ferida para evitar a formação de crosta ou enfisema. ¹
Curativo compressivo:
O compressivo é o curativo ideal para reduzir e normalizar o fluxo sanguíneo e ajudar na aproximação das extremidades da lesão. ¹
Curativos abertos:
Quando o ferimento não precisa ser ocluído os curativos abertos são ideais, como nas seguintes situações: cortes pequenos, suturas e escoriações. ¹
Curativos com princípio ativo:
Esses são os curativos que atuam tanto no desbridamento quanto no controle bacteriano da ferida, possuindo uma ação tópica local. ²
Curativos inteligentes:
Os curativos inteligentes conseguem alterar o microambiente do leito, estimulando os sinalizadores endógenos que são responsáveis pelo reparo tecidual da ferida. ²
Curativos biológicos:
Usados para temporariamente “substituir” a pele, os curativos biológicos são indicados para queimaduras, feridas traumáticas, úlceras crônicas ou ferimentos em diabéticos. São tecidos que podem ser heterógenos ou alógenos e não possuem células. ²
Além disso, o tratamento da ferida exige um acompanhamento contínuo das condições clínicas do paciente bem como uma avaliação diária das feridas para que seja possível conferir se as condutas aplicadas estão trazendo resultados ou precisam ser alteradas.
Você conhecia todas essas informações? Vamos continuar falando sobre o tratamento das feridas e os tipos de curativos! Continue acompanhando nosso blog para ficar sabendo em primeira mão sobre as informações mais relevantes sobre os cuidados com feridas e lesões!
Referências:
Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) – Cuidados com a Integridade Cutânea – Procedimento Operacional Padrão (POP) Assistência de Enfermagem¹
Tipos de durativos utilizados em pacientes acometidos por lesão por pressão, disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/enfermagem/tipos-curativos-utilizados-pacientes-acometidos-por-lesao-por-pressao.htm²
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