Feridas Crônicas: um problema de saúde pública

Feridas Crônicas

Feridas Crônicas

No Brasil, o aumento da incidência de feridas crônicas na população constitui um grave problema de saúde pública que pode gerar, entre outras coisas, altos custos de assistência à saúde e um grave sofrimento para as pessoas acometidas por esse problema, interferindo de forma crítica na sua saúde e qualidade de vida.

Assim sendo, quando falamos de feridas crônicas, existem diversas questões que precisam ser levadas em consideração, como:

  • A longa duração do tratamento das feridas
  • O constante deslocamento de pacientes para tratar as feridas
  • O ocupamento de leitos
  • O gasto excessivo de tempo dos profissionais

Conhecendo todos esses obstáculos, é muito importante que os profissionais atuem de forma coesa, aplicando suas especialidades e buscando a integralidade da assistência para que seja possível evitar tratamentos prolongados e pouco eficientes, geralmente decorrentes da falta de padronização e de sistemas de saúde não integrados.

Entre as variedades de feridas crônicas, existem duas que discutiremos com um pouco mais de detalhe: a hanseníase e as úlceras vasculogênicas.


A Hanseníase:

A Hanseníase, também conhecida antigamente como Lepra, é uma doença de caráter infectocontagioso, causada por uma actinobactéria chamada Mycobacterium leprae, que invade as células cutâneas e os nervos periféricos, podendo causar lesões de pele e o comprometimento das funções dos nervos.

Considerada um grave problema de saúde pública, a hanseníase é transmitida por um indivíduo infectado para um indivíduo não infectado por meio de secreções nasais, saliva ou contato íntimo e prolongado, e está presente em diversos países do mundo, afetando, principalmente, populações em situação de vulnerabilidade econômica, causando impactos físicos, sociais e psicológicos nos indivíduos, podendo, até mesmo, provocar deformidades e deficiências físicas quando não tratada com agilidade e corretamente.

A Hanseníase se manifesta de diferentes formas, dependendo do nível da resposta imune celular do infectado à bactéria, podendo ser classificada como Indeterminada, Tuberculóide, Dimorfa e Virchowiana.

Forma Indeterminada: Geralmente assintomática, é considerada a forma inicial da doença, podendo evoluir espontaneamente para a cura, permanecer indeterminada por anos ou, até mesmo, progredir para a forma Tuberculóide ou Virchowiana. Nessa forma, a lesão normalmente é única, circunscrita de cor clara, e pode aparecer em qualquer parte do corpo, com distúrbios de sensibilidade acompanhados ou não de perda de pelos.

Forma Tuberculóide: essa forma tem como característica principal o surgimento de lesões granulomatosas nas extremidades do corpo que não apresentam sensibilidade, mas também pode se manifestar com a ausência de lesões, através do acometimento de troncos nervosos, ocasionando dor, fraqueza e atrofia muscular. Nessa forma, o paciente geralmente apresenta alta resposta imune celular e provável cura espontânea.

Forma Borderline (B) ou Dimorfa (D): consideradas formas intermediárias, elas se manifestam por conta da instabilidade imunológica do paciente, apresentando, normalmente, lesões papulosas, edematosas de limites internos bem definidos e externos imprecisos. Na pele clara, lesões em mácula e eritematosa, e na pele escura, hipocrômica, sem sensibilidade local.

Forma Virchowiana (V) ou Lepromatosa (L): essas formas são caracterizadas pela ineficaz resposta imune celular do paciente. Com características clínicas como múltiplos infiltrados nodulares de cor castanho avermelhada na pele, nas membranas mucosas das vias aéreas superiores e na face madarose superciliar e ciliar, essas formas também podem apresentar um processo inflamatório que pode se disseminar para as vísceras, tecido nervoso e até mesmo atingir órgãos como o fígado, rins, baço, olhos e testículos.

Úlceras Vasculogênicas

As úlceras vasculogênicas podem ser caracterizadas, de forma bastante resumida, como úlceras de origem venosa ou arterial, que são decorrentes de doenças arteriais crônicas e retorno venoso nos membros inferiores. Elas podem ser classificadas em:

Úlceras venosas: que ocorrem pela deficiência de drenagem do sangue ou líquidos de um seguimento do corpo. Essas úlceras geralmente acometem membros inferiores, associada à insuficiência venosa crônica.

Úlceras arteriais: são aquelas causadas por insuficiência ou oclusão arterial, que tem como resultado a isquemia, ou seja, a obstrução das artérias e a redução no fluxo de sangue e de oxigênio em alguma região do corpo.

Pé diabético: que se refere a qualquer infecção, ulceração e/ou destruição dos tecidos profundos que esteja relacionada a anormalidades neurológicas e a doenças vasculares periféricas nos membros inferiores.

Além das dores e desconforto, as feridas crônicas também comprometem a qualidade de vida das pessoas, causando restrições sociais e dificultando a execução de tarefas rotineiras simples. Quando falamos de úlceras vasculogênicas, geralmente associadas à doenças crônicas, essa dificuldade é ainda maior, visto que o paciente pode, além do impedimento de caminhar ou realizar atividades físicas simples, ficar afastado de sua ocupação laboral, acarretando em problemas econômicos.

Todos esses impasses precisam ser levados em consideração, afinal, existem evidências da relação existente entre a saúde e a qualidade de vida de um indivíduo.

Sendo, assim, tendo em mente todas essas informações, é importante lembrar que, qualquer que seja o tipo de ferida crônica, o enfermeiro tem um papel essencial, não apenas para o tratamento, mas também para promover a qualidade de vida do paciente, colaborando com a assistência e a reabilitação assim como colabora com a recuperação da independência e a reinserção social, ajudando pacientes que convivem com feridas a sentirem-se capazes e confiantes para realizar tarefas de rotina.

Por isso, o trabalho dos enfermeiros é o cuidado humano, tanto na doença, quanto na saúde.


Fontes:

Qualidade de Vida de Pessoas com Úlceras Vasculogênicas Segundo Ferrans e Powers: Versão Ferida. Disponível em: https://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=759602&indexSearch=ID

Manual de Conduta para Tratamento de Hanseníase – Ministério da Saúde. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_condutas_ulcera_hanseniase.pdf

Hanseníase No Brasil: Uma Revisão Literária, nos Anos de 2014 A 2019. Disponível em: https://monografias.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/9491/1/Hanseniase_Pessoa_2019.pdf

UNIME (Faculdade de Ciência Agrárias e Saúde) – Úlceras Vasculogênicas, Arterial, Venosa Pé Diabético. Disponível em: https://pt.slideshare.net/Amamosaenfermagem01/lceras-vasculognicas-


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