As lesões por pressão ainda representam um grande desafio para os serviços de saúde. Por isso, é essencial que a equipe multidisciplinar esteja sempre atenta a esse problema, aplicando as diretrizes recomendadas para diminuí-lo. Nesse sentido, saber como identificar infecção na lesão por pressão também deve ser uma prioridade, pois a junção entre esses dois eventos adversos pode gerar complicações graves.
Sumário
ToggleO que é a Lesão por Pressão?
A lesão por pressão (LP) pode ser definida, de forma resumida, como uma lesão na pele ou tecidos moles subjacentes que geralmente acontece em locais com proeminência óssea como:
- Nádegas;
- Costas;
- Calcanhares;
- Regiões laterais das coxas.
Sua origem pode estar relacionada à pressão exercida pelo próprio peso do paciente ou algum dispositivo médico, por isso, é mais comum em indivíduos acamados ou com mobilidade reduzida. Mesmo com os extensos estudos sobre o tema, a lesão por pressão continua sendo uma complicação recorrente nas instituições de saúde brasileiras, representando um problema grave, responsável pela redução da qualidade de vida do paciente e atraso no processo de reabilitação, tornando-o mais demorado e complicado.
Além de causar um grande impacto na qualidade de vida do paciente, essas lesões também podem ser responsáveis por outras complicações de saúde, como por exemplo infecções bacterianas e osteomielite, contribuindo com o aumento do tempo da internação e aumentando os custos de assistência à saúde.
Sendo assim, é essencial aplicar diretrizes para prevenção da lesão por pressão e, na presença desse problema, é imprescindível acompanhá-lo de perto, realizando avaliações recorrentes a fim de determinar a gravidade das lesões, aplicar as soluções mais adequadas e verificar se há presença de infecção.
Por que é preciso avaliar a Lesão por Pressão?
Para que seja possível aplicar as melhores soluções e cuidados, é essencial analisar cada lesão cuidadosamente para determinar suas características e se existe infecção. A partir de tais informações, é possível traçar um plano de cuidado apropriado, que contribua efetivamente com a cicatrização das lesões.
Entre os pontos a serem avaliados, podemos citar:¹
- Localização da lesão;
- Tipos de tecido presentes (granulação, esfacelos, necrose de coagulação);
- Quantidade de exsudato e umidade;
- Tamanho da lesão (incluindo comprimento, largura e profundidade);
- Presença e nível da dor;
- Fatores de risco (incluindo estado nutricional, comorbidades prévias e falta de mobilidade);
- Se há necessidade de desbridamento;
- E, por fim, se existem sinais de infecção.
Sobre este último item, é importante lembrar que todas as feridas, sem exceção, são colonizadas por microrganismos, mas, nem todas estão necessariamente infectadas. Por isso, é importante saber reconhecer os sinais da infecção para iniciar o tratamento o mais rápido possível.
Quais são os sinais da infecção?
Entre os sinais que podem indicar a presença de infecção na lesão por pressão, podemos citar:
- “Tecido de granulação friável;
- Mau odor;
- Aumento da dor na úlcera;
- Aumento de drenagem da ferida e mudanças de suas características (reaparecimento de sangue na drenagem, característica purulenta);
- Maior quantidade de tecido necrótico no leito da ferida;
- Aparecimento de bolsas ou necroses no leito da ferida;
- Ausência de sinais de cicatrização após 2 semanas de tratamento apropriado.”¹
É importante lembrar que nem todos esses sinais irão aparecer simultaneamente, por isso, é preciso realizar avaliações frequentes a cada troca de curativo e/ou limpeza da ferida a fim de verificar se existe comprometimento dos tecidos moles.
Sendo assim, é possível avaliar e classificar a infecção de acordo com alguns aspectos da ferida:
- “Infecção leve: presença de duas ou mais manifestações de infecção, porém, a área de celulite/eritema ao redor da úlcera é menor ou igual a 2 cm e a infecção é limitada à pele ou ao tecido subcutâneo. Não existem outras manifestações de complicação local ou sintomas sistêmicos;
- Infecção moderada: infecção que apresenta ao menos uma das seguintes características: celulite/eritema maior do que 2 cm, presença de linfangite, acometimento de fáscia superficial, abscesso em tecido profundo, envolvimento de tendão e musculatura;
- Infecção grave: paciente com sintomas de toxicidade sistêmica ou instabilidade metabólica (como febre, calafrio, taquicardia, hipotensão, confusão, vômitos, leucocitose, acidose, hiperglicemia grave).”¹
Por fim, é importante lembrar que, caso seja notada a presença de sinais de infecção, é indicado realizar uma biópsia de tecido para que seja possível determinar qual é o tratamento mais adequado com base em evidências, levando em consideração o resultado da cultura. Caso não seja possível realizar a biópsia, pode-se guiar o tratamento com base na classificação da infecção, contudo, o mais adequado é realizar o exame para não haver dúvidas sobre quais diretrizes aplicar.
Agora que já falamos sobre a infecção de feridas, é importante também conhecer outro grave problema que pode surgir em decorrência da lesão por pressão: a Osteomielite.
O que é a Osteomielite?
A osteomielite trata-se de um tipo de infecção óssea que pode ser causada por bactérias, micobactérias ou fungos, e seu tratamento geralmente é feito através da administração de antibióticos. Quando iniciado rapidamente, o tratamento geralmente ocorre sem complicações, contudo, caso não seja administrado, o indivíduo pode ter graves sequelas como deformação e perda óssea.
Devido à sua origem infecciosa, a osteomielite é uma complicação que pode ocorrer em pacientes com lesão por pressão, sendo ainda mais frequente em casos de lesão no estágio 3 ou 4, quando acontece exposição de ossos ou articulações. Entre os sintomas da doença, estão:
- Dor;
- Vermelhidão;
- Calor local;
- Edema;
- Inchaço;
- Febre;
- Feridas na pele
- Secreção purulenta
Para realizar o diagnóstico de osteomielite, é necessário realizar a biópsia do tecido ósseo para que a equipe médica possa escolher a antibioticoterapia adequada.
Por constituir uma das grandes causas de morbimortalidade, as lesões por pressão são graves tanto para o paciente quanto para o sistema de saúde, resultando em grandes prejuízos. Em pacientes de terapia intensiva, as LP têm uma prevalência de 41% e uma incidência de 33%². Considerando esse contexto, é essencial que os sistemas de saúde sistematizem a vigilância epidemiológica da infecção na lesão por pressão para que seja possível reduzir a incidência desse sério problema.
Referências
Telecondutas: Lesão por Pressão – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)¹
Protocolo de Tratamento de Lesões por Pressão – Fundação Santa Casa De Misericórdia Do Pará²
Acompanhe nosso Blog!
Nos siga nas redes sociais: Facebook, Instagram, LinkedIn e YouTube!